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Pedra Grande é alvo de polêmica com projeto para construir plataforma de vidro
A Pedra Grande, localizada na cidade de Atibaia (SP), é conhecida como um dos principais pontos turísticos da região com destaque para sua beleza e tamanho, que com seus mais de 1,4 mil metros de altitude oferece um mirante natural para quem quiser apreciar, além de ser abrigo de grande riqueza da fauna e flora. Porém, o monumento está sendo alvo de polêmica por causa de um novo projeto divulgado pela Prefeitura de Atibaia, a construção de uma passarela de vidro, conhecida também como "Skybridge".
Cercada pela Serra do Itapetinga, em uma área com mais de 3 mil metros de Unidade de Conservação, a Pedra Grande atraí um número enorme de visitantes e pessoas ligadas a causas ambientais que usam o monumento como fonte de estudo sobre a fauna e a flora da região.
A Pedra Grande é considerada uma Unidade de Conservação de Proteção Integral tipo Monumento Natural e está inserida na categoria de Unidade de Conservação (UC), que tem como objetivo, segundo João Hoeffel, Doutor em Ciências Sociais-Sociologia Ambiental IFCH/UNICAMP “preservar a integridade de um elemento natural único, de extrema raridade ou beleza cênica.” Porém, dessa vez a região se voltou para o local com olhar preocupado diante da proposta de construção do skybridge.
O vídeo divulgado pela Prefeitura apresenta formato similar de uma propaganda sobre o projeto orçado em R$ 20 milhões, tendo como investidor principal a empresa Sol do Brasil Participações e Empreendimentos, sediada em Bom Jesus dos Perdões. A ideia seria construir uma estrutura inspirada no mirante artificial conhecido como “SkyGlass”, localizado em Canela (RS), porém, maior, com torre de 15 metros de altura e passarela com 30 metros de comprimento, para dar acesso a um mirante.
Segundo Paulo Malvasi, graduado em Antropologia pela USP, professor da Unifaat, sanitarista, professor da Santa Casa de São Paulo e coordenador da Teia Colaborativa, “A possibilidade dessa construção não está de acordo com o regramento existente hoje na Fundação Florestal. Existe uma brecha muito frágil na lei que diz que há espaço para contemplação, mas desde que tenha harmonia com o espaço natural, o que não é o caso.”
Mesmo assim, o projeto está em fase de avaliação e sondagem, autorizada pela Fundação Florestal (FF), e seu processo de consulta da passarela teve início em dezembro do ano passado, na Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), mesmo ainda em análise a construção já preocupa toda a população, ONGs e OSCIPs da região que nas últimas semanas se manifestaram contrarias ao projeto.
De acordo com Hoeffel,“Como unidade do grupo de proteção integral, a visitação pública e as atividades científicas são permitidas, mas devem seguir as normas estabelecidas pelo órgão administrador da unidade, no Plano de Manejo e demais regulamentos. No caso de área particular, conta ainda com a concordância do proprietário e a modificação dos aspectos naturais por intervenção humana é proibida. Portanto não são permitidas, pelo SNUC, obras no Monumento Natural.” Afirma o Doutor.
A divulgação do Projeto levou muitas pessoas a se manifestarem contrarias à construção por diversos motivos, Malvasi destaca “É muito interessante ver como muito rapidamente a cidade se levantou contra a construção, porque existe um sentimento de pertencimento ligado a Pedra Grande do jeito que ela estava. O movimento social é muito amplo, são diversas organizações, chegam a 22 organizações de associações de bairro, organizações ambientais como o coletivo socioambiental, a SIMBiOSE, a Teia Colaborativa, enfim, é uma mobilização bastante ampla com o apoio fora de Atibaia também.”
Um dos envolvidos nas manifestações, o Coletivo Socioambiental de Atibaia, se mostrou preocupado diante da iniciativa do projeto encaminhando ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) um ofício apresentando as irregularidades da obra prevista e as consequências ambientais de levar o projeto adiante.
“A construção na Pedra Grande afeta toda fauna e flora e vai continuar afetando depois com o volume de pessoas que o empreendedor vai querer colocar ali”, afirma Malvasi, além de toda natureza prejudicada, também afetará as práticas esportivas do Clube Atibaiense de Vôo Livre, que há anos usam o monumento para salto de asa delta e paraglider.
Apesar de estar em área particular, a Pedra Grande é uma Unidade de Conservação que está sob gestão da Fundação Florestal, que junto com a CETESB são as responsáveis por analisar os pedidos de licenciamento e outras autorizações necessárias para a construção do empreendimento. Ainda não emitido nenhuma autorização para estudos e afins de viabilidade do projeto.
Em contato com a empresa, Sol do Brasil, responsável pelo investimento não houve retorno.
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