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Beija-flor

Fazenda Pullman abriga remanescentes de cerrado típico do município

Já é de conhecimento comum que o Brasil é um grande berço de exuberante natureza, com uma quantidade significativa de fauna e flora que são responsáveis pela diversidade e manutenção da vida. Entre toda a diversidade, deparamos com o Cerrado brasileiro, segundo maior bioma da América do Sul e o segundo maior bioma do Brasil ocupando 22% do território nacional. O Cerrado é reconhecido como um dos mais importantes do mundo em termos de biodiversidade, são mais de 11 mil espécies de plantas e a quantidade de animais estimados varia em cerca de 210 espécies de anfíbios, 199 espécies de mamíferos, 180 de répteis, 864 de aves e 1200 de peixes. O bioma é reconhecido como o terceiro com maior diversidade na fauna, ficando somente atrás da Amazônia e da Mata Atlântica.

Bruna Locardi, Bióloga, Mestre em Biologia Vegetal e integrante do Coletivo Socioambiental ressalta “O Cerrado do Brasil Central é responsável por fornecer e regular a disponibilidade e hídrica de 8 das 12 principais bacias hidrográficas do país, com isso, regular a distribuição das águas das chuvas, pelo ano, entre as estações, assim como as cheias e secas do pantanal. A substituição do uma vegetação resistente a seca (típica de Cerrado) por pastagens e produções que demandam muita água e movimentação de solo e uso de insumos, desorganiza e desregula toda a dinâmica dos mananciais e das bacias, dinâmicas são ciclos naturais muito difusos estabelecidos em milhões de anos, que não podem ser substituídos por obras humanas sem consequências.”

A caracterização do bioma é um dos problemas encontrados hoje, pois pode ser confundida com outros elementos, Bruna explica essa situação “Por ser um bioma de fisionomia campestre o Cerrado pode ser confundido com um pasto ou ainda uma capoeira antrópica (descampado produzido pelo homem), sendo assim a supressão desse bioma acontece muitas vezes sem que os proprietários se deem conta das suas leis de proteção, que limitariam a supressão, da necessidade de compensação. Os técnicos municipais também não são capacitados para reconhecer as espécies herbáceas e arbustivas do cerrado, o que torna as áreas de Cerrado de Atibaia ainda mais vulneráveis.”
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Em Atibaia, existe uma quantidade importante do Cerrado que precisa ser preservado. “De acordo com o plano Municipal da Mata Atlântica e do Cerrado, existem pelo menos 8 fragmentos alterados de Cerrado no município, sendo o maior dele a área conhecida por Fazenda Pullman, no entanto cerca de 23% do município tem o tipo de solo que indicaria domínio de Campo Cerrado, então outras áreas podem ter vegetação, por ser uma vegetação não arbórea facilmente são identificados de maneira incorreta, o que acarreta em corte e supressão indevida.” Ressalta Bruna.

A Fazenda Pullman é uma área importante que abriga remanescentes do Cerrado em Atibaia, a vegetação é considerada uma das mais importantes do mundo. Além da fauna e flora, o Pullman abriga uma região considerável que alimenta o corredor hídrico da região. Franscisco Napolitano Leal, Geógrafo Mestre em Planejamento Territorial e Política Ambiental e integrante do Coletivo Socioambiental afirma “Pensando também nesse aspecto regional, é importante considerar que a área do Pullman também está inserida em uma área de importância para abastecimento hídrico de Atibaia e também do Rio Atibaia que vai desaguar lá na região de Campinas.”
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Dessa forma, cresce ainda mais a necessidade de proteger essa região. Existe um plano criado pelo Coletivo Socioambiental para implementar, em parte da Fazenda Pullman, um parque, para que dessa forma o local possa ser preservado e ao mesmo tempo interagir com a população de forma consciente e responsável, já que muitas leis existentes não abrangem de forma eficiente as áreas do cerrado. Bruna ressalta “A nível nacional o código florestal coloca que apenas 20% de uma propriedade em área de cerrado preservada, há projetos em tramitação para aumentar essa área para 35% e para suspender o licenciamento de supressão do cerrado por 10 anos. Há também em tramitação há 10 anos no Congresso Nacional um projeto para elevar o Bioma do Cerrado ao status de Patrimônio Nacional, o que facilitaria o recebimento de recursos e incentivos da união a sua proteção.”
 
A participação do Estado diante da necessidade de proteção dessas áreas é fundamental “O estado de São Paulo foi pioneiro em reconhecer que compensação e restauração de biomas não é só reflorestamento e atualmente tem resoluções e critérios para a recuperação das diversas fisionomias do cerrado, pois o reflorestamento tradicional cria um ambiente sombreado que pode excluir espécies típicas das fisionomias abertas. Municípios que tenham o Plano Municipal da Mata Atlântica e do Cerrado têm o mapeamento das áreas verdes que deveriam ser protegidas e enquadradas na legislação de proteção Estadual, mas sabemos que, na pratica, nem sempre a proteção é efetiva.” Enfatiza Bruna.
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