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Verticalização desenfreada na região gera impacto negativo para a população e meio ambiente
O mundo todo está passando por um processo de crescimento populacional massivo e ao mesmo tempo a diminuição considerável de áreas ambientais. Desde o século 19, existe uma intensificação na construção de prédios verticais com a intenção de resolver o problema da falta de espaço para ocupação nas grandes cidades, mas esse movimento atualmente está chegando em cidades de pequeno porte, de interior, e levantando questionamentos importantes sobre seus riscos e vantagens.
No Brasil, a verticalização teve como destaque, nos anos 90, a expansão em São Paulo e no Rio de Janeiro, dali em diante o aumento foi considerável. Temos hoje em nossa região cidades como Atibaia e Bragança Paulista que despertam preocupação com seu futuro.
De acordo com Fabia Santa Rosa, atibaiense, ativista contra a verticalização desenfreada, advogada, jornalista e formada em bioética “A tendencia mundial é que a verticalização cada vez mais se consolide nos municípios, a cidade vai crescendo e é inevitável. O que precisamos entender é o tipo de verticalização, o local que será feito e o que o plano diretor determina.” Destaca.
A verticalização pode ser de benefício para a população quando construída de forma pensada com suporte, exemplo disso são os prédios que agregam espaço público na parte inferior e nesse ambiente as pessoas podem encontrar diversos tipos de serviço, sendo assim o bairro se beneficia com isso. Mas uma verticalização sem planejamento traz muitos pontos negativos, Fabia ressalta “A verticalização se ela for desordenada, desorganizada, sem infraestrutura, ela cria um problema muito sério na cidade. A densidade populacional é um problema quando não tem a estrutura para poder trazer para as pessoas todos recursos para suas necessidades, vamos ter problema econômico, de saúde, na segurança, excesso de trânsito, problemas no transporte público, não terá água para todo mundo, o meio ambiente vai desaparecendo sem os cuidados necessários.”
Porém, apesar de ser benéfica para a população quando pensada e organizada, do ponto de vista ambiental, a verticalização não traz nenhuma vantagem e sim uma série de problemas, como o esgotamento de recursos hídricos, desmatamento de áreas nativas para construção, invasão do território dos animais, acréscimo na quantidade de veículos emitindo poluição e também aumento na produção de lixo e esgoto que normalmente não possuem destinação correta. Além desses notórios problemas, os prédios que estão sendo construídos, cada vez mais altos, interferem na circulação natural do vento, aumentando a sensação térmica e criando ilhas de calor nos centros urbanos.
O crescimento populacional na região foi considerável nos últimos anos, trazendo investidores imobiliários com interesse na construção de gigantes de concreto. Fábia explica uma das coisas que atraiu olhares para Atibaia nos últimos anos “Em gestões anteriores se via muitos comerciais, por exemplo na Vanguarda, promovendo a cidade com frases como ‘Atibaia a cidade mais segura do interior’ ou ‘Atibaia o melhor clima do Brasil’ isso gera uma atração maior para a cidade. Então, Atibaia teve uma propaganda muito intensificada nas redes sociais e mídia em geral, então essa população cresceu exponencialmente, principalmente durante a pandemia.”
Além de ter sido propagado o município, a Organização Salve Atibaia também destaca outros fatores que contribuíram para essa divulgação “Existe no ‘consciente coletivo de todo Brasil’ a imagem da cidade ideal para morar: estância, ar e água pura, flores, preservação das matas, etc. A proximidade de grandes centros urbanos, a facilidade de mobilidade por sua estratégica localização entre duas grandes rodovias, a formação geográfica de Atibaia que permite que os ventos circulem pela cidade, levando a poluição para as altas altitudes e deixando o ar mais puro e a possibilidade de vida do interior.”
O Plano Diretor aprovado em Atibaia considera permitido a construção de prédios de até doze andares em locais previamente definido. Fábia ressalta “Um metro quadrado onde você tinha antes uma casa com uma família, hoje você tem o mesmo metro quadrado várias famílias. Então, essas famílias vão ter suas necessidades e precisam da infraestrutura adequada.”
Salve Atibaia destaca as consequências já vivenciadas pelo aumento de pessoas na cidade “Infelizmente já sentimos a falta de abastecimento de água em muitos bairros, a falta de saneamento básico, picos de falta de energia, a dificuldade de mobilidade e circulação em horários comerciais no trânsito, a elevação da temperatura devido a inúmeras podas de árvores autorizadas pela prefeitura, a poluição dos nossos rios e afluentes. Contudo porque dos 60 prédios autorizados até 2022, pela prefeitura, ainda estão em fase de construção e devem adensar a cidade em meados de 2025 a 2030 com mais ou menos 60.000 pessoas e 120.000 carros, a tendência é que este quadro se agrave ainda mais. A continuar nesse caminho, corremos o risco de perder a categoria de Estância e com isso, os cerca de 100 milhões/década que o governo de SP repassa para o turismo”
As cidades da região podem chegar em um momento sem perspectiva de voltar a ser o que são, com o aumento populacional a identidade da cidade também está comprometida. “A verticalização descontrolada e sem planejamento acrescenta a essas questões do adensamento a perda de valor artístico da cidade (que pode ficar monótona e insensível) e a destruição de seu patrimônio histórico, artístico e cultural, e gera a perda de identidade de sua população com seus vínculos emocionais, capacidade de absorção das diversas classes sociais e seus passados históricos, criando ainda um efeito conhecido como gentrificação. E, nos casos mais agudos, ainda deságua em queda da qualidade de vida e da segurança, direcionando para um aumento da violência.” Destaca Salve Atibaia.
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