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Bacia do Itapetinga sofre com descarte de resíduos
Localizada entre a Serra da Cantareira e a Serra da Mantiqueira, a Serra do Itapetinga forma um importante corredor ecológico na região Bragantina. Além da sua riqueza natural de fauna e flora, a Serra também é responsável pela nascente de importantes bacias e sub-bacias, como ocorre com a Bacia do Itapetinga, que deságua na margem esquerda do Rio Atibaia. O nome é proveniente do tupi “ita” = pedra, “tinga” = branco, referindo-se à cor original das rochas que afloram na região. Um dos pontos mais conhecidos da Serra é a Pedra Grande, Monumento Natural Estadual tombado para proteção ambiental. Apesar da sua notória importância, a Bacia do Itapetinga sofre diariamente ações negativas provocada pela ação do homem.
O despejo de esgoto não tratado por empresas, comércios e casas no entorno da Bacia, é um dos maiores problemas que ameaçam sua existência, como afirma Kleber Cavazza, graduado em Geografia Física pela USP e especialista em Gestão Ambiental, “A poluição é reflexo da atividade que ocorre em cada bacia. Por exemplo, em Atibaia, se viermos ao Itapetinga, temos a poluição por esgoto e atividade comercial.” Afirma, mas, outros obstáculos afetam a manutenção da vida na região, como o desmatamento, crescimento urbano, queimadas, assoreamentos, entre outros fatores que são notoriamente agressivos.

É nesse sentido que Kleber Cavazza criou a campanha Cadê o rio que estava aqui? “A ideia da campanha é fazer com que as pessoas entendam que muitos rios desapareceram. Desapareceu por conta do consumo desenfreado do espaço, consumo que procura adaptar às necessidades do ser dito civilizado. Campanha que procura mostrar que o ser dito civilizado empreende uma grande guerra contra árvores, água, animais e tudo aquilo que entendemos por natureza” afirma.
Segundo João Luís Hoeffel, Doutor em Ciências Sociais-Sociologia Ambiental IFCH/UNICAMP, em seu estudo sobre a situação hídrica afirma que as políticas existentes de proteção dos recursos hídricos, em muitos casos, não se apresentam estruturadas para atender a diversidade e complexidade que essa proteção necessita. A convergência de responsabilidades entre órgãos diversos, com orientações, que nem sempre são coerentes entre si, acaba sendo incapaz de atuar no contexto global de uma bacia hidrográfica, que exige ações sociais e institucionais integradas.
Muitas vezes, órgãos públicos em toda região se contradizem por apresentar uma proposta de proteção ao mesmo tempo que estimula sem planejamento prévio a instalação de novas industrias. Consequentemente, mais áreas são desmatadas e assoreadas e mais resíduos poluentes e contaminantes são despejados nas margens hídricas, como ocorre com o ribeirão do Itapetinga, levando a um possível estado de não retorno na região. Hoeffel afirma “Temos várias unidades de conservação que foram criadas pensando na proteção dos recursos hídricos, mas até hoje conseguimos ver ações que fazem o sentido contrário.”
Além da Bacia do Itapetinga, vemos um cenário preocupante em outras bacias, sub-bacias, nascentes e reservatórios importantes da nossa região em estado de contaminação por lixo e esgoto. João Hoeffel ainda destaca a contribuição da região para grandes centros urbanos através do Sistema Cantareira, o que implica, ainda mais, a necessidade de proteger essas áreas tão valiosas “Não podemos esquecer que na região está o Sistema Cantareira que transfere um volume significativo de água para São Paulo e essa água não retornará para cá. Quando tivemos a seca de 2011 a 2014, já existiam grandes municípios que dependiam dessa água, como Campinas. Mas, onde se fez o racionamento foi em Nazaré Paulista, Atibaia, Joanópolis, Bragança, Vargem, enfim, exatamente onde estão as principais bacias que abastecem as cidades. O fato dessas nascentes estarem aqui, não implica que no momento de aumento na demanda hídrica e da necessidade de redução do uso da água, essas áreas serão privilegiadas. A grande São Paulo, Campinas e regiões de Guarulhos são consideradas mais significativas para priorizar levando em consideração a quantidade populacional.” Afirma o Doutor.
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